Açúcar Branco e seus Perigos

Açúcar Branco e seus Perigos

Não existe na natureza nenhum tipo de composto isolado e concentrado como a sacarose - o açúcar refinado. Todos os alimentos são compostos. 

Ele, o açúcar, é obra do homem, que conseguiu a façanha de retirar de um alimento integrado, como a beterraba e a cana, apenas um princípio químico ativo. Portanto, o açúcar refinado deve ser visto como uma droga, de preferência em duplo sentido, de modo a evidenciar a sua realidade. 

A natureza sempre forneceu-nos energia química, representada pela glicose e compostos semelhantes, presentes em estruturas de cadeias moleculares mais complexas, os açúcares compostos, os amidos, encontrados nos cereais, nas frutas, nos tubérculos, nas raízes, etc. O organismo sempre contou com a mastigação para digerir o amido na boca, pela ação da ptialina, enzima capaz de quebrar as cadeias moleculares de modo a obter glicose, frutose, dextrose e outros açúcares primários, capazes de gerar energia quando assimilados. Com a “descoberta” do açúcar refinado, criou-se um elemento novo para o organismo, capaz de fornecer imediatamente uma enorme carga de glicose. O paladar dos povos do passado era voltado para a apreciação do sabor conforme a natureza do próprio alimento; os burgueses da França de Luiz XV, por exemplo, preferiam o pão integral bruto, com sabor forte de trigo, aos croissants e brioches consumidos pela Corte, adoçados com o mascavo oriundo do caribe; eles achavam esses alimentos enjoativos e sem capacidade de sustentar um trabalhador, um soldado ou um agricultor; apenas os aristocratas de vida sedentária e tediosa poderiam dispor dessas guloseimas feitas com farinha empobrecida e repleta de açúcar formador de gases intestinais. 
 Os exércitos, antigamente, também não consumiam açúcar. Se o fizessem, talvez precisassem de um contingente de igual número de homens para transportar toneladas de sacos do mascavo necessário para "energizar" dez, vinte, cinqüenta ou cem mil pessoas... 
 Quanto ao mel ou outras formas de açúcares, também não havia o hábito de acrescentá-los aos alimentos. 
 O açúcar é prejudicial á saúde por ser um produto muito concentrado que desestabiliza os mecanismos de compensação do organismo e exige complementação bioquímica, o que produz perdas minerais (cálcio, magnésio, etc.) crônicas e constantes.
 Hoje as pessoas praticamente viciaram-se no açúcar e, só nos Estados Unidos, a média de consumo de açúcar é de aproximadamente 300 gramas por pessoa. Isso significa 9 quilos de açúcar por mês e... Cerca de 100 quilos por ano!  Se entendermos que o açúcar é totalmente desnecessário para o organismo, que todo açúcar que o corpo precisa ele retira dos alimentos comuns (glicose) e que todo excesso de açúcar tem efeito desequilibrante, então podemos ter uma breve idéia dos perigos que o hábito representa.  E sem exigir mastigação (uma vez que o açúcar é ingerido diretamente dissolvido nas bebidas e comidas). Só que o organismo não contava com isso. Acostumado há milênios com o contato com o amido, a frutose, etc, agora ele passou a trabalhar com uma nova informação: a presença de cargas super rápidas de glicose. Antes do surgimento do açúcar não era costume acrescentar nenhum adoçante aos alimentos. Apreciava-se o sabor natural de tudo. A idéia de adoçar as bebidas e os alimentos surgiu há pouco mais de dois séculos (e intensificou-se nos últimos cinqüenta anos). Depois do incremento do plantio da cana-de-açúcar na América, a Europa criou um mercado consumidor que se ampliou enormemente; mesmo assim, o açúcar consumido pelos ingleses, franceses, alemães, espanhóis e os demais, era o açúcar mascavo marrom, muito forte e carregado, mais destinado à fermentação precoce da cerveja e do vinho que para adoçar tortas, bolos, compotas e, muito menos, sucos, leite matinal, etc.
  O hábito de consumir açúcar branco é hoje considerado uma das causas do aumento da incidência do diabetes. Como vimos, o organismo humano está preparado para receber a glicose proveniente dos cereais, frutas, legumes, leguminosas, etc. A glicose é importante como fonte de energia para as células. Normalmente, temos glicose suficiente reservada no fígado (sob a forma de glicogênio, ou na própria capa gordurosa, que se desdobrando fornece energia). Isto explica porque antigamente não necessitávamos de açúcar branco, nem mesmo o mascavo, mel etc. Esta glicose (ou a frutose) é derivada da quebra da molécula do amido, o que permite uma assimilação lenta do nutriente; daí o amido ser considerado um “açúcar lento”. O açúcar branco fornece cargas muito rápidas e imediatas de glicose, por isso é chamado de “açúcar rápido”. Cada molécula de sacarose possui apenas duas moléculas de glicose, que são separadas muito rapidamente no tubo intestinal. Esse fato engana o metabolismo glicídico, que envolve reações muito complexas das quais participam enzimas, insulina, mediadores químicos, mecanismos de feedback, etc. Sabendo-se que o corpo humano está “programado” para lidar bem com o açúcar lento, de modo a poder metabolizá-lo convenientemente, obedecendo aos parâmetros autoreguladores, quando se ingere uma quantidade grande de açúcar branco, o organismo se confunde e acaba se desregulando com o tempo.
  Há um mecanismo de regulação dos níveis de glicose no sangue que procura manter entre 70 e 120 mg. por 100 ml. Quando este nível é ultrapassado, um pouco mais de insulina é liberado para compensar e manter essa taxa normal. Um simples sorvete pode provocar elevações dos níveis de glicose acima de 300 mg. mas, apenas, num trecho de 100 ml. de sangue. E este é o problema: o nível de glicose se eleva num pequeno trecho do sangue proveniente dos intestinos, onde o açúcar foi rapidamente assimilado; os sensores do fígado e do pâncreas “avisam” o cérebro de que a quantidade de glicose captada é de “300 mg”.e este determina a liberação de insulina relativa a essa quantidade, que não é uma realidade para a totalidade do sangue circulante. Isto ocorre porque a “programação” biológica do organismo é para a assimilação de açúcar “lento”, que, sendo assimilado gradativamente, permite uma saturação de glicose também lenta e de modo bem distribuído. Esta situação acontecendo vez ou outra não causa problema, mas desde que seja constante, através dos anos - como mostra a realidade dos hábitos alimentares modernos - produz um condicionamento metabólico e bioquímico com a liberação constante de insulina um pouco além do normal. Com isto há uma tendência a se instalar uma situação de constante baixa dos níveis de glicose (hipoglicemia reativa ou funcional), apesar de se consumirem quantidades elevadas de açúcar (glicose). A pessoa desenvolve, assim, uma necessidade constante de doces ou açúcar, que pode ser crescente, transformando-se, freqüentemente, em compulsão.   A hipoglicemia é uma situação orgânica variável, que pode afetar as pessoas de várias maneiras. Pode ser imperceptível, com apenas um pouco mais de fome proximamente às refeições, ou algumas tonteiras passageiras e ansiedade, até graus intermediários com sudorese, taquicardia, cansaço, falta de memória, ansiedade mais forte ou depressão que, curiosamente, desaparecem temporariamente com a ingestão de doces. Em graus mais acentuados, a hipoglicemia pode determinar desde distúrbios orgânicos subjetivos, semelhantes a um distúrbio neurovegetativo, com sensações corporais ruins de difícil descrição, pensamentos estranhos e depressão forte. Estes casos, sempre relacionados com certa melhora temporária quando se ingere açúcar, freqüentemente são encaminhados para tratamento psiquiátrico ou psicológico. A única forma de melhora é através da suspensão gradativa do açúcar (tratamento idêntico ao dos toxicômanos e farmaco-dependentes) e adoção de dietas muito controladas.
  Agrave; medida que a situação deste tipo de hipoglicemia se mantém, pode acontecer uma falência relativa da capacidade do pâncreas em produzir insulina, elevando-se os níveis de açúcar do sangue (hiperglicemia), surgindo assim o diabetes. Isto, porém depende sobremaneira da predisposição herdada pelo organismo. Pré-diabéticos têm maior tendência para ter hipoglicemia primeiro e, depois, diabetes em graus variáveis, desde aquele controlável com dietas e/ou hipoglicemiantes orais ou aqueles que exigem insulina sintética.   Esta é a relação do açúcar com o crescimento da incidência de diabetes no mundo, segundo dados oficiais e diversos estudos modernos. 
 Por sua ação desmineralizante, antinutriente, condicionante, desreguladora e viciante açúcar é considerado um dos produtos mais prejudiciais ao organismo.    importante se consumir os alimentos como a natureza os fornece; portanto, não é preciso acrescentar nada aos sucos, às saladas de frutas, etc. Existem formidáveis receitas de doces caseiros, de tortas e bolos sem açúcar, adoçados apenas pela capacidade culinária, imitada aos antigos, de apurar o açúcar próprio das frutas, ou de usar apenas pequenas quantidade de mel (que não é saudável quando aquecido). Bananas, mangas, laranjas, morangos, tâmaras, etc., possuem o próprio açúcar (frutose), que pode ser apurado por cozimento, bastando acrescentar uma pitada de sal marinho. 
   O hábito de usar o açúcar branco surge do condicionamento do paladar desde o nascimento, quando as mamadeiras do aleitamento artificial já recebem sacarose ou outras formas concentradas de açúcares.
   Um dos ensinamentos principais da alimentação natural é o de não fornecer às crianças alimentos adoçados. Nenhum açúcar, ou antes, nenhuma glicose, é necessário ao corpo humano, além daquele presente naturalmente nos alimentos. O raciocínio serve não só para crianças como para adultos, desportistas, doentes, gestantes, lactantes, etc.
 Para que se tenha saúde e equilíbrio é preciso praticar uma alimentação sem açúcar branco, tolerando-se, eventualmente, mel ou açúcar mascavo em algumas guloseimas inevitáveis, como bolos de aniversários, tortas, etc. Para as crianças ou adultos dependentes dos alimentos muito adoçados, convém proceder a uma eliminação gradativa e inteligente dos mesmos; nessa fase, tanto o mel quanto o açúcar mascavo podem assumir uma função importante, até que se estabeleça uma dieta completamente natural. 
  Adoçantes artificiais são muito perigosos para a saúde, talvez mais que o próprio açúcar branco; o ciclamato e a sacarina são proibidos em numerosos países devido a seu potencial cancerígeno e teratogênico (deformações no feto). O aspartame, apesar de ser um produto dito "natural", é um derivado sintético da fenilalamina, capaz de produzir vários problemas orgânicos, mas de intensidade menor. No caso de necessidade de adoçar, sugere-se a estévia verdadeira (em pó); existem falsificações e misturas de estévia nos chamados "adoçantes naturais" que não são recomendáveis.

Photo by Sharon McCutcheon on Unsplash


 

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